Por que julgar tanto as mulheres que deixam se entregar no primeiro encontro?
Desde criança, somos levados a agir e pensar sob alguns modelos de relacionamento que encontram-se dentro da moral e dos bons costumes dos outros, seja dos pais caretas, do que vemos nos filmes, novelas e contos de fada ou então da imagem estereotipada que a religião vende.
A sociedade machista e patriarcal estipulou: o homem deve trabalhar para trazer o alimento ao lar e suprir todas as necessidades da família; já a mulher deve ser responsável pela organização da casa e da vida dos filhos, de preferência sem trabalhar fora.
Esse pensamento e estilo de vida está diretamente ligado a forma com que a mulher é vista dentro da sociedade, ou seja, como uma figura maternal, sensível, delicada e que precisa ser amada.
Sexualmente falando, ela ainda não possui total liberdade para dizer o que quer e como gosta, quem dirá levantar a bandeira do sexo no primeiro encontro sem ser taxada sumariamente de biscate ou qualquer outro adjetivo negativo que de nada serve.
Para resumir, o homem que vai para a cama no primeiro encontro é sempre o garanhão, o pegador, o cara que manja dos paranauê. Já a mulher que vai pra cama no primeiro encontro, é geralmente considerada vadia, daquelas que não servem para casar, porque, supostamente, não se dão o devido respeito, o devido valor.
Mas, será que é isso mesmo?
Nos últimos anos, o movimento feminista tem levantado algumas bandeiras e abrindo as portas para o diálogo sobre diversos assuntos que antes poderiam ser considerados tabus do universo feminino/masculino: essa é uma delas.
Para as mulheres do nosso século, o empoderamento feminino e a atitude sexual está diretamente ligado à liberdade da mulher em relação ao seu corpo, e o mais importante, às suas vontades e necessidades.
Afinal, vocês acham mesmo que somente homens gostam de sexo?
Não, não! Muito pelo contrário!
O sexo é tão prazeroso para elas quanto para eles. É isso que às vezes não entra na cabeça dos homens, seja por conta de algumas formas de pensar que estereótipos moralistas colocaram em suas cabeças ou então por conta do medo que eles têm em relação às mulheres que demonstram atitude e poder sobre si mesmas.
Uma vez que esses homens prezam pela noção de uma sociedade patriarcal e pela divisão de importância entre os sexos, eles se sentem diretamente intimidados pela imagem da mulher que toma as rédeas da situação.
Para eles, parece que perderão todo o controle da situação e do relacionamento para a mulher, e isso, dentro do patriarcado, é terrível para a imagem de força e poder masculino.
São eles que devem segurar as rédeas da situação, eles que devem dar a palavra final, eles que devem fazer sexo no primeiro encontro, eles que devem dar voz à sexualidade e necessidades sexuais; elas não.
Outra questão que impera quando falamos desse assunto é que o instinto masculino diz que eles devem ser os predadores, conquistadores, e quando se deparam com essa mulher que, a seu ponto de vista, deixemos claro, seja fácil, ou seja, que durante o primeiro encontro já demonstrem intenção impensada de fazer sexo, acabam desanimando porque não tiveram o gostinho de conquistá-la.
Ou seja, eles não veem problema em uma menina que fizer sexo no primeiro encontro, porém, isso deve estar diretamente atrelado a posição de conquista deles, não a vontade feminina de também querer transar.
Quando eles percebem que a menina é “fácil” e que deve fazer sexo no primeiro encontro com todos, acabam desanimando e as taxando de biscates porque não se sentiram homens o bastante para conquistar e ser “somente dela”.
Resumindo tudo que falamos, toda a questão de julgamento acerca do sexo no primeiro encontro, está diretamente ligado ao machismo e a visão patriarcal, além, é claro, do ego de cada homem que gosta de se sentir único, especial, garanhão, sem aceitar que a figura feminina que está consigo tenha suas próprias vontades.